Como reduzir a níveis toleráveis as tensões de passo e toque no SPDA
Quando uma descarga atmosférica atinge o subsistema de captação, ele distribui as correntes por meio das descidas, que conduzem a descarga até o solo, para serem dissipadas pelo subsistema de aterramento. A grande questão é que neste local, onde as correntes são injetadas no solo, consequentemente, são gerados potenciais na superfície.
Isto significa que, em caso de tempestades com raios, caso existam pessoas próximas, elas correrão um grande risco de vida, devido às tensões de passo e/ou toque. Com o objetivo de reduzir estas situações perigosas, as descidas e o aterramento devem ser projetados com atenção extra especial.
Os condutores externos (sistema convencional) devem ser distribuídos ao longo de todas as fachadas da edificação, dando preferência para as quinas principais. Sempre tendo o cuidado de evitar a instalação muito próxima a janelas, portas de acesso, portões de garagem, varandas e etc, respeitando a distância de segurança calculada, previamente, no gerenciamento de risco.
Mas e quando não é possível realizar as descidas desta forma?
De acordo com as orientações da norma NBR5419/2015, se uma das seguintes exigências for atendida no SPDA, pode-se considerar que os riscos de passo e toque são toleráveis para a vida humana:
- A aproximação ou a duração da presença de pessoas fora da estrutura e próximo à descida, for pequena;
- Mínimo de 10 descidas naturais contínuas (aço das armaduras, pilares de aço, etc.);
- Resistividade do piso (3m da descida) for ≥100kΩ.m (5cm de asfalto, 15cm de cascalho ou 20 cm de brita).
Entretanto, se nenhum desses requisitos for cumprido, será necessário adotar novas medidas de proteção nestes subsistemas, que incluem:
- Revestimento das descidas com material isolante de 100kV à 1,2/50µs (camada de 3mm de polietileno reticulado), como já disponível nos chamados condutores especiais de descida;
- Restrições físicas (barreiras) até 3m da descida ou sinalização;
- Executar um aterramento reticulado no entorno da descida, até 3m desta.
Além destas questões, um outro ponto que também deve ser levado em consideração, envolve a interferência estética causada pelos condutores nas descidas. Por exemplo, os cabos de Cobre nu com o passar dos anos tendem a adquirir uma coloração marrom escura devido a poluição, por isto, acabam sendo indicados para locais com tonalidades próximas. Entretanto, devido a alta incidência de roubo deste material, devem ser tomadas medidas para evitar que esta prática aconteça.
Já em fachadas claras a preferência, normalmente, é dada aos condutores em Alumínio, sejam cabos ou barras chatas. Estas últimas poderão, inclusive, ser pintadas na mesma coloração da edificação, desde que a pintura seja feita com tintas que não reajam com o Alumínio. Também é importante ressaltar que nos casos em que se faz necessário o uso de condutores especiais, como o CUI (Tel 830208 ou Tel 830218), não é permitido esta pintura.
Seguindo estas orientações, é garantido que as pessoas próximas à edificação não sofrerão problemas com as tensões de passo e toque. No geral, cada edificação deve ser analisada, cuidadosamente, para garantir um projeto que forneça total segurança. A Termotécnica Para-raios oferece não só os produtos necessários para estas situações, como também dispõe de uma equipe técnica especializada em projetos e inspeções de SPDA. Conte conosco sempre que precisar!
*Eng. Normando V. B. Alves
Membro da comissão da ABNT que revisa a norma NBR 5419
Diretor de Engenharia da Termotécnica Para-raios
Fonte: https://tel.com.br/tensoes-passo-toque-spda/